Flamboyant e madrigal
madrugada dos sonhos:lembranças...
Flor boiante à flor do dia...
Imensa árvore, clara na mente,
lembrança na clarabóia
da recordação.
Flan das delícias flamboiantes
de raiz, caule, flor e frutos.
Imensa árvore da infância,
imensa tarde sob a sombra luzidia.
Luz e dia
de um farol-mulher a me guiar.
- Oh, maninha!
Que flor tu eras?!
Quem tu és?
Lavanda do meu espírito,
lavavas na bacia,
em água límpida de espelho,
algo que se confunde na lembrança:
roupas, canções, seus sonhos, meus dias...
Meu olhares de menino...
Madrugastes, madrigal,
em flor boiante do passado.
Agora és flor do meu verso,
canção pastoral em muitas vozes:
alaúde, clavicímbalo, harpa:
flores de um cromatismo intenso!
- Oh, maninha...
Flor-flamboiã do meu passado,
vermelha como o amor,
caindo suave, doída, no colo,
nesse amplo e fenestro
quadro da memória.
Dias verdes desta vida,
tesura de alabastro,
balaústre do meu viver...
- Cantigas de irmã...
Tudo para sempre.
05.11.1996
Um comentário:
Poeta,
Sinta a delicadeza do bico do
beijaflor encantado,que balança
parado no longo braço da flamboiã
que te trago.
É um presente que te dou, em retribuição ao magnífico
Flamboyant e Madrigal.
Tanta beleza neste presente...
O chão é um tapete rubro, em chamas.
O vento soprando é um bálsamo pro corpo e pra alma.
Os galhos se mexem, as rendas de jade flutuam no ar, mas o beijaflor, nem aí...
Minha flamboyant de limopotro ao pé. As folhas esvoaçam e as flores brancas do gengibre ao pé da janela exalam perfume inefável.
Daqui a pouco o por do sol virá, e o presente que te dou se expandirá para um novo presente, com o chão e o céu em chamas.
Amei, viu...
beijopoesia!
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