quarta-feira, 16 de julho de 2008

Muy Lato



Esse alento, essa ginga sensual,
esse molejo, corpo dolente.
Esse diálogo do corpo trigueiro
entre o ritmo e o frenesi
do ser e do espírito

de onde vem?

Movimentos de raças
que a flora em suas cores,
em diásporas das flores,
primavera nos quadris.

Afana o afã da fauna extasiada
para miscigenar os flancos blancos
Um movimento entre o animal
e o humano, a fusão.
Cafusa canção de amor:
índia teus cabelos nos ombros caídos,
negros como a noite...

Bacias em moventes raízes:
sangue e raça, roça e coça
só sossega na choça, no gemido
na palhoça.



Eta! Brasil! É brasa, é asa de folguedo!



Caóticos, bai.lançam estilhaços de tons, sons, dons: dança!
Anca... quadril... rodopio...
Linguagem pluricontinental no mapa do corpo que fala.
Panca de corpo forte! Cintura re
quebrada na linha do equador
flor de ingazeira, menina dos nossos olhos: morena!

Negra beleza negra na noite do samba que entoa
tão à-toa, tão à-toa: tanto tom tantã de tanto tontear
dançar, lançar, dançar... Bai.lançam Brasis!!!
Baticum, bate-coxa, bate-virilha - Bate, eia!!!
Bateia e bateeiro nas Minas das Gerais
Bacia onde se lava as almas das raças
re-percussão mexendo, remexendo

o sangue, as castas

para sermos todos um balé mulato
no sentido lato
muy.lato.





06.01.99

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