A espiral da palavra-som
soa sobre a sombra de todo tom
que expira invernos
e respira verões azuis.
Soa, soma e aspira
ao dom de desdobrar no ar,
em pomos de adão,
pecados espiralados
na pira vocal que arde,
queima, conspira em lira, delira,
em prol de toda canção,
o som sensual da sonata mais doce.
Doce pecado me cobra
a obra do meu cantar!
Tenho meus paraísos...
A espiral do som-palavra
lavra o tom-fruto-arte,
livra o dom, flutuar-te, leve...
Leva ao veio central
onde respiro, inspiro,
o espírito do instrumento,
o movimento que na borda
transborda melodias frasais.
Envolve,volve, dissolve...
Devolve a mim a espiral do verso.
Quem se espicha no tempo,
no ar, no som projetado e caudaloso?
Será a voz, a canção, a palavra, eu?!
Quem se desd.obra?!
Em mim, espiral da canção,
a Voz tende à extensão dos meus dós,
espraia, nas ondas do ar, os meus tons,
meus ais a desdobrar-me em arte
até - quem sabe?! - desd.obrar-te.
29.01.98
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