Só queria agasalhar meu anjo e deixar o seu corpo descansar... ( Chico Buarque de Hollanda )
Quem
me chama e não me deixa dorm.ir
não me deixa vi.ver
ser feliz
me chama e não me deixa dorm.ir
não me deixa vi.ver
ser feliz
nesses n.osso.s tempos de ninguém
Quem
no frágil nau.frágio
no frágil nau.frágio
não me deixa ca.lar o indizível
a res.peito de Quem
não teve voz
não teve vez
não teve voz
não teve vez
Quem
seria este poema que s.urge
est.ruge urra
me empurra murra surra
me empurra murra surra
ao nascer do horror
na costa de bodrum
na costa de bodrum
seria o me.nino que ofegou
afegou e afogou
chegou não chegou
não pode vir a ser
seria a ave síria sem futuro
migrando
entre a morte certa e a provável
ave refugiada que me brada
nada... nada...
nada
afegou e afogou
chegou não chegou
não pode vir a ser
seria a ave síria sem futuro
migrando
entre a morte certa e a provável
ave refugiada que me brada
nada... nada...
nada
Quem
de uma praia da turquia
do mar mediterrâneo
me chama
de uma praia da turquia
do mar mediterrâneo
me chama
Seria o poema que se debate embalde
se contorce torce o torso
no embate da palavra afogada
no embate da palavra afogada
finada
Ou
O menino que não se move
O menino que não se move
dorso morto na praia
onde raia o Abate
de uma human.idade lavada
levada
de uma human.idade lavada
levada
e este poema
de uma superfície de uma vida em arrepios
a ver navios
mortos na praia
de uma superfície de uma vida em arrepios
a ver navios
mortos na praia
Torres Matrice
Dedicado a Alan Kurdi
04/09/2015